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quinta-feira, 10 de maio de 2012

1. ª Aula - Conceito de Mediunidade


Giotto, dia da ascensão do evangelista João, capela Peruzzi da basílica da Santa Cruz, em Florença






Diz Herculano Pires* que "assim como nosso Espírito anima o nosso corpo através do Perispirito, constituindo em vida o que chamamos alma, os demais Espíritos, de mortos e de vivos, podem influenciá-lo. Em sintonia com o nosso Espírito podem mesmo utilizar-se de nosso corpo para suas manifestações. Dessa maneira, a mediunidade é uma condição natural do homem, uma faculdade geral da espécie humana, que se revela em dois campos paralelos de fenômenos: os anímicos, decorrentes das atividades do nosso próprio Espírito fora do condicionamento orgânico; e os espíritas, decorrentes das relações naturais de nosso Espírito com outros Espíritos".


Êxtase de Santa Teresa de Ávila, de Gian Lorenzo Bernini (1598-1680).


Fala Edgard Armond** que a teoria espírita considera médiuns aquelas pessoas que "possuem aptidão especial para servirem de intermediários entre os mundos físico e espiritual".

Emmanuel, no livro "Estude e Viva", lição 31 (Mediunidade e Psicoterapia), informa: "Os médiuns, como elemento de ligação entre a vida espiritual e o plano físico, serão sempre solicitados a dar uma palavra orientadora nas questões multiformes que afetam as pessoas que os procuram".

Neste curso de Educação Mediúnica, adota-se o conceito amplo, considerando mediunidade a faculdade que tem o indivíduo de servir de intermediário entre as esferas do mundo físico e do mundo espiritual, conquanto alguns estudiosos não considerem os fenômenos anímicos como mediúnicos.

Desta forma, neste Curso, os fenômenos mediúnicos são classificados em anímicos e espíritas.

Anímicos são fenômenos mediúnicos, quando há maior influência do Espírito do médium na relação entre as duas esferas, como em eventuais casos de vidência, precognição etc.

Espíritas são fenômenos mediúnicos, quando, na relação, há uma atuação direta do Espírito desencarnado sobre o encarnado, como ocorre na audiência, na psicografia etc. 

Nos fenômenos mediúnicos, quando, na relação. Diz "O Livro dos Médiuns" (cap. VI, item 100, § 26) que a vidência de Espíritos, em estado de vigília, depende do organismo do homem, da "faculdade maior ou menor do fluido do vidente de combinar com o do Espírito. Assim não basta o Espírito querer mostrar-se; é também necessário que a pessoa a quem se quer mostrar tenha aptidão para vê-lo".

Fra Angelico (1387-1455), Anunciação, Museu São Marcos, Florença


Nas duas categorias de fenômenos, o homem está sendo intermediário entre as esferas física e extrafísica; daí, ser chamado de médium, independentemente da maior, da menor, ou praticamente, de nenhuma influência de Espíritos. 

Para que se tenha maior compreensão do Conceito de Mediunidade, registram-se, na sequência, os diferentes pensamentos dos amigos espirituais:


1)  O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - cap. XXVI item 12


"Digamos, de início, que a mediunidade é inerente a uma condição orgânica, de que todos podem ser dotados, como a de ver, ouvir e falar." "A mediunidade é dada sem distinção, a fim de que os Espíritos possam levar a luz a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos virtuosos, para os fortalecer no bem; aos viciosos, para os corrigir."

Se o médium não aproveitar, então será responsável pelo não-aproveitamento, podendo ocorrer a perda da sua faculdade pelo bloqueio de suas condições mediúnicas, ou sofrer influências negativas, tendo, por consequência, a perversão das suas faculdades, de que os maus espíritos se apoderarão, para o obsedar e enganar, sem prejuízo das aflições comuns que a própria criatura cria para sia mesma, em consequência dos comuns que a própria criatura cria para si mesma, em consequência dos serviços indignos e do endurecimento de seu coração pelo orgulho e pelo egoísmo. 

"A mediunidade não implica necessariamente as relações habituais com os Espíritos Superiores. É simplesmente uma aptidão, para servir de instrumento, mais ou menos dócil, aos Espíritos em geral. O bom médium não é, portanto, aquele que tem facilidade de comunicação, mas o que é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido."


Joana d’Arc e o arcanjo Miguel, de Eugene Thirion


2) EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS - cap. 17, André Luiz


"Os encarnados que demonstrassem capacidade mediúnica mais evidente, pela COMUNHÃO MENOS ESTREITA ENTRE AS CÉLULAS DO CORPO FÍSICO E DO CORPO ESPIRITUAL., em certas regiões do corpo somático, passaram das observações, durante o sono, às observações da vigília..." "Quanto menos densos os elos entre os implementos físicos e espirituais, nos orgãos da visão, mais amplas as possibilidades na clarividência, prevalecendo as mesmas normas para a clariaudiência e para modalidades outras..."




The Sacrifice of Isaac, 1635 Impressão giclée por Rembrandt van Rijn



"A mediunidade, na essência, quanto à energia elétrica em si mesma, NADA TEM QUE VER COM PRINCÍPIOS MORAIS QUE REGEM OS PROBLEMAS DO DESTINO E DO SER." "Dela podem dispor, pela espontaneidade com que se evidência, sábios e ignorantes, justos e injustos..."

"A mediunidade jaz adstrita à própria vida, não existindo, por isso mesmo, dois médiuns iguais, não obstante a semelhança no campo das impressões."

"Também a mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas sim, antes de tudo, APRIMORAMENTO DA PERSONALIDADE MEDIÚNICA E NOBREZA DE FINS, PARA QUE O CORPO ESPIRITUAL, modelando o corpo físico e sustentando-o, possa igualmente erigir-se em filtro leal das Esperas Superiores, facilitando a ascensão da Humanidade aos domínios da luz."


3) MECANISMOS DA MEDIUNIDADE - cap. 17, André Luiz


Diz André Luiz que, nos casos se simbiose espiritual, obsessão, o encarnado sofre influenciação da inteligência desencarnada, que o toma por instrumento de suas manifestações, harmonizando-se na mesma onda mental, qual se fosse hipnotizador e hipnotizado. Afirma que "se a personalidade encarnada acusa possibilidade de larga desarticulação das próprias forças anímicas, encontramos aí a mediunidade de efeitos físicos de batidas, sinais, deslocamentos, vozes etc.

Essas evidências devem-se, de modo geral, a entidades de pouca evolução que, imanizadas aos médiuns naturais, entremostram-se, como crianças caprichosas, em afetos e desafetos desgovernados , bastando, às vezes, a intervenção de uma autoridade moral (exortação ou prece) para que as perturbações cessem.

Nessas condições, "tal eclosão de recursos medianímicos, capaz de ocorrer em qualquer idade da constituição fisiológica, independente de quaisquer fatores de cultura da inteligência ou de aprimoramento da alma, por filiar-se a fatores positivamente mecânicos, tal qual nas demonstrações públicas de agilidade ou de força, em que um ginasta qualquer, com treinamento adequado, apresenta variadas exibições".

Ocorrendo tratamento específico e eliminando-se a causa, cessa o efeito desta mediunidade desequilibrada.


4) NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE - cap. 5, André Luiz


"Os mundos atuam uns sobre os outros pelas irradiações que despendem, e as almas influenciam-se mutuamente, por intermédio dos agentes mentais que produzem."

Dessa influenciação mútua decorre a formação da corrente mental, ou seja, a influenciação de uma mente sobre outra e, consequentemente, diz André Luiz: "A mediunidade é um dom inerente a todos os seres, como faculdade de respirar, e cada criatura assimila as forças superiores ou inferiores com as quais sintoniza".




A luta de Jacó e o Anjo. Obra do francês Alexander Louis Leloir, 1865.


5) O LIVRO DOS MÉDIUNS - cap. XIV, item 159


"Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio exclusivo, e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer pois, que todos são mais ou menos médiuns."




PAULO E A MEDIUNIDADE






A Coversão de Saulo de Michelangelo Buonarroti (1545) Afresco Capela Paulina






Em toda a História da Humanidade se registraram, sem conta, fatos mediúnicos. Esta asserção é referendada por Emmanuel, no prefácio de "Mecanismos da Mediunidade", de André Luiz. Aí, ele se refere aos discipulos de Sócrates que falavam, com admiração e respeito, do amigo invisível que acompanhava o sábio, constantemente. No mesmo prefácio, Emmanuel cita outros fatos mediúnicos de que foram protagonistas, entre outros, o Apóstolo Paulo, Lutero, Teresa de Ávila e Swedenberg, assinalando, por sua vez, que a mediunidade atingiu culminâncias no Cristianismo nascituro, rematando: Toda a passagem do Mestre, inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externando-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Divina".



(Continua)










Referência: Curso de Educação Mediúnica - 1º ano - 8ª Edição São Paulo: Edições FEESP, 1998. - (Área de Ensino) Vários autores. Vários organizadores.  ISBN:85-7366-009-0







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